sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A CIÊNCIA MISTERIOSA


"A natureza não abre a todos indistintamente a porta do santuário. Nestas páginas, o profano descobrirá talvez alguma prova de uma ciência verdadeira e positiva. No entanto, não poderíamos persuadir-nos de convertê-lo porque não ignoramos como os preconceitos são tenazes, como é grande a força das idéias preconcebidas. O discípulo tirará mais proveito dele, com a condição, todavia, de não desprezar as obras dos velhos Filósofos, de estudar atentamente os textos clássicos, até que tenha adquirido suficiente clarividência para discernir os pontos obscuros do manual operatório.
Ninguém pode pretender possuir o grande Segredo se não fizer concordar a sua existência com o diapasão das pesquisas empreendidas.
Não basta ser estudioso, ativo e perseverante, se falta o princípio sólido, de base concreta, se o entusiasmo imoderado cega a razão, se o orgulho tiraniza a capacidade de julgar, se a avidez se desenvolve sob o brilho de um astro de ouro.
A ciência misteriosa exige muita justeza, exatidão, perspicácia na observação dos fatos, espírito são, lógico e ponderado, uma imaginação viva sem exaltação, um coração ardente e puro. Exige, além disso, a maior simplicidade e absoluta indiferença em relação às teorias, sistemas, hipóteses que, fazendo-se fé nos livros ou na reputação dos autores, se admitem geralmente sem controle. Deseja que os aspirantes aprendam a pensar mais com o seu cérebro e menos com o dos outros. Pede-lhes, enfim, que procurem a verdade dos seus princípios, o conhecimento da sua doutrina e a prática dos seus trabalhos na Natureza, nossa mãe comum.
Pelo exercício constante das faculdades de observação e de raciocínio, pela meditação, o neófito subirá os degraus que conduzem ao SABER.
A imitação simples dos processos naturais, a habilidade junta ao engenho, as luzes de uma longa experiência assegurar-lhe-ão o PODER.
Realizador, terá ainda necessidade de paciência, constância, vontade inquebrantável. Audaz e resoluto, a certeza e a confiança nascidas de uma fé robusta permitir-lhe-ão tudo
OUSAR.
Finalmente, quando o sucesso tiver consagrado tantos anos laboriosos, quando os seus desejos se tiverem realizado, o Sábio, desprezando as vaidades do mundo, aproximar-se-á dos humildes, dos deserdados, de todos os que trabalham, sofrem lutam, desesperam e choram neste mundo. Discípulo anônimo e mudo da Natureza eterna, apóstolo da eterna Caridade, permanecerá fiel ao seu voto de silêncio.
Na Ciência, no Bem, o Adepto deve para sempre CALAR-SE.”

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